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Um destes dias, numa entrevista fizeram-me esta pergunta e eu, defensora do digital, confesso que parei para pensar.

Uso diariamente o email, WhatsApp, Instagram, Facebook, pesquiso no Google, navego no sítio da Internet do .pt, e uso quase diariamente apps como o nikerun, uber, ipma, publico, mbway, expresso e mais umas quantas. Não me separo do meu smartwatch, do meu smartphone, do tablet e do portátil. Uso diariamente o Spotify e a Netflix.

Recentemente, em plena pandemia que nos atirou para o teletrabalho e para casa, fiquei 48 horas sem Internet devido a uma avaria no prestador de serviço e percebi, de forma mais clara, que o meu dia a dia depende do acesso ao digital.

Repito, quando me perguntaram que "apps/software/gadgets/tools não consegues viver sem?”, parei para pensar. Depois disso respondi: "Espero que consiga viver sem nenhuma.”

Frequentemente sou chamada a explicar como a inclusão digital é inclusão social. Que ninguém pode ficar para trás no processo em curso de transição digital. 

Parece contraditório, mas não é. Saber ler, escrever, ter competências sociais, educação, competências digitais. São tudo ferramentas que devemos ter e que podemos ou não usar. Podemos viver sem Internet? Sem eletricidade? Sem livros? Sem música? Sem telemóvel? Sem relógio?  Podemos sim, como os outros seres vivos, mas não seria a mesma coisa.

Podemos viver sem água, alimentos, ar, sol? Não podemos, como os outros seres vivos.

Necessitamos do mesmo, sobrevivemos sem muitas coisas que consideramos essenciais e temos como garantidas, mas carecemos uns dos outros para perceber isso e para sentir alegria e tristeza, felicidade e desespero, pertença e perda, medo e coragem, amizade, amor.

A propósito desta pandemia que nos coloca à prova o que mais falta nos faz? Estarmos com quem mais gostamos sem medos nem restrições. 


Nota: os artigos deste blog não vinculam a opinião do .PT, mas sim do seu autor.