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Mariana Fialho
Global Designer do .PT
27-04-2024
Dia Mundial do Design
Hoje, dia 27 de abril, celebramos o dia mundial do design com a partilha de uma reflexão pessoal sobre a importância da inclusão da acessibilidade e igualdade no design, como critérios obrigatórios no processo criativo. Procurarei também transmitir a minha experiência pessoal no workshop de "Multimodal solutions to foster accessibility in digital products and services” da DIGITALEUROPE.

A leitura do European Accessibility Act (EAA) ajuda à compreensão de quais os objetivos e necessidades da integração regulamentada e mandatória.

O que o ato propõe é que a acessibilidade digital passe a ser considerada como uma obrigação por todos os responsáveis pela produção de websites, aplicações, ferramentas digitais (como a IA) e outros serviços que tomamos como garantia, isto é, criar uma indústria que procura não só suportar a igualdade de acessos mas também aumentar a abrangência dos seus serviços e informações- uma vitória mútua com: inclusão social, expansão do mercado, responsabilidade corporativa e inovação.

A RESPONSABILIDADE DO DESIGN


Sendo o design uma área fundamental da comunicação, especialmente da comunicação visual, o impacto que as decisões tomadas no processo de design têm na qualidade da experiência do utilizador são enormes. No dia mundial do design procuramos celebrar um design inclusivo e acessível a todos, incluindo os casos com limitações visuais, auditivas, motoras e cognitivas - responsabilidade dos designers e de todos os envolvidos no processo.

Como o podemos assegurar?

Ao longo das várias etapas do processo do design (imagem abaixo) conseguimos garantir a inclusão informada destes utilizadores. Por exemplo, na primeira fase do processo podemos incluir como critério a questão esta ideia é acessível? e reconheceremos novas limitações e soluções; no processo de execução procura-se cumprir com essas soluções (o que para o user comum pode ser um pormenor num produto para um utilizador especial pode ser a diferença entre ser utilizável ou não); a fase, na minha opinião, onde é mais fundamental a inclusão da acessibilidade como um critério é na avaliação, isto é, se tudo falhar nas fases anteriores, uma revisão inclusiva do resultado final fará toda a diferença no assegurar desta igualdade.


                         (versão simplificada do processo)

Na prática na primeira fase poderão ser exploradas problemáticas como que tipografias são inclusivas, a maioria dos estudos aponta para preferência de tipografias sem serifas (com serifas (adornos excessivos) complicam a leitura); os níveis de contraste entre as, elementos e imagens; e a complexidade tanto da navegação como da palete de cores são alguns exemplos de problemas comuns. As restantes fases dizem respeito ao assegurar que estas soluções encontradas são aplicadas com a qualidade necessária e com a avaliação e revisão cuidada.

OS PERIGOS DE UM DESIGN NÃO INCLUSIVO


A desvalorização e falta de conhecimento sobre a acessibilidade resultam num design que não dá resposta aos seus utilizadores, o que não só excluí uma audiência já fragilizada como cria abertura para o questionar do método de execução, podendo passar por pouco ponderado e colocar em causa a qualidade do design. Para melhor compreendermos o impacto da ausência desta considerações, apresento abaixo um exemplo de teste entre dois logotipos com diferentes níveis de acessibilidade.

Nota: os logotipos foram selecionados por serem opostos a nível de complexidade vs minimalismo. E foi utilizada a versão ícone de ambos para o exercício (versões sem o texto).

(O teste foi realizado com o Illustrator da Adobe- View > Proof Setup > Color Blindness)
Descrição complementar: o foco do exercício está na forma como a representação/referência a Portugal está realizada nos dois primeiros logotipos, os "normais” (que são o logo atual do .PT e outro inventado). O logo do .PT (bastante mais complexo a nível de simbologia e design) tem no próprio nome e na cor as referências a Portugal. Já o logotipo inventado procurou a representação exclusivamente através da cor.


A importância deste exercício está na conclusão de que logotipos que dependem exclusivamente da paleta de cores para serem identificáveis falham quando existem utilizadores com limitações na visualização de cores. Por outro lado é possível observar que logotipos que utilizam não só as cores mas também outros elementos como formas mais complexas (distinguíveis) permitem a identificação clara e segura da marca e/ou do objetivo.

Mas e o contorno para a identificação? 

Existem contornos icónicos como é o caso da garrafa da Coca-cola e logotipos como o do McDonald’s, no entanto, este reconhecimento é obtido através da utilização de uma forma complexa e única, bastante distinta da concorrência, de uma patente e do controle rigoroso de imagens semelhantes (cópias).

Considerando isso, é seguro afirmar que para a grande maioria dos projetos uma patente a esse nível não é realista. Nem é correto utilizar como justificação a possibilidade do ganho de um estatuto de ícone (ao nível de marcas como a Coca-cola) e a negligência da utilização de métodos inclusivos.





"There shouldn’t be a gap between the product and the service” – Bianca Prins

No workshop da DIGITALEUROPE sobre "Multimodal solutions to foster accessibility in digital products and services”, Bianca Princs explorou a necessidade de contradizer a tendência de abordar a experiência de usuário sem considerar todas as realidades da pós-produção, criando uma separação entre aquilo que é o produto (design) e o serviço (as suas aplicações reais). "It’s all about connection”, Bianca explica que no final do processo o que interessa é consegue o utilizador conectar-se com o nosso produto?


Um feliz dia do design mundial mais acessível!


ODS:





Nota: os artigos deste blog não vinculam a opinião do .PT, mas sim do seu autor.
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